domingo, 29 de novembro de 2015

CANTO GERAL

tudo é silêncio de água e vento.

mas nas folhas espia o guerreiro.

entre os lariços um grito

uns olhos de tigre em meio
às alturas da neve.

olha as lanças a descansar.

escuta o susurro do ar
atravessado pelas flechas.

olha os peitos e as pernas
e as cabeleiras sombrias
brilhando à luz da lua.

olha o vazio dos guerreiros.

não há ninguém, trina a diuca
feito água na noite pura.

cruza o condor o seu vôo negro.

não há ninguém. escutas? é o passo
do puma no ar e nas folhas.

não há ninguém. escuta. escuta a árvore,
escuta a árvore araucana.

não há ninguém. olha as pedras.

olha as pedras de Arauco.

não há ninguém, somente as árvores.

somente as pedras, Arauco.

tradução: Paulo Mendes Campos

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