sexta-feira, 17 de maio de 2013

NICOLÁS GUILLÉN - CUBA
3 poemas de "El Son Entero"
Ilustrações: Trimano

Trimano - Retrato de Nicolás Guillén - nanquim e esferográfica


NICOLÁS GUILLÉN - Camagüey 1902 - La Habana 1982
Considerado o poeta nacional cubano. Sua poesia,
enraizada no "son" tradicional da ilha, reivindica a cultura
negra, dentro do processo de "mestiçagem" e revoluções
políticas na América Latina do século XX.

Trimano-Guillén - "El Son Entero" - nanquim 1984


ÉBANO REAL

Te vi pasar, una tarde,
ébano, y te saludé;
duro entre todos los troncos,
duro entre todos los troncos,
tu corazón recordé.

Arará cuévano,
arará sabalú.

-Ébano real, yo quiero un barco,
ébano real, de tu negra madera...
Ahora no puede ser,
espérate, amigo, espérate,
espérate a que me muera.

Arará cuévano,
arará sabalú.

-Ébano real, yo quiero un cofre,
ébano real, de tu negra madera...
Ahora no puede ser,
espérate, amigo, esperate,
espérate a que muera.

Arará cuévano.
arará sabalú.

-Quiero una mesa cuadrada
y el asta de mi bandera;
quiero mi pesado lecho,
quiero mi lecho pesado,
ébano, de tu madera,
ay, de tu negra madera...
Ahora no puede ser,
espérate, amigo, espérate,
espérate a que me muera.

Arará cuévano,
arará sabalú.

Te vi pasar, una tarde,
ébano, y te saludé:
duro entre todos los troncos,
duro entre todos los troncos,
tu corazón recordé.

NICOLÁS GUILLÉN

Trimano-Guillén - "El Son Entero" - nanquim 1984


Trimano-Guillén - "El Son Entero" - nanquim 1984


Trimano-Guillén - "El Son Entero" - nanquim 1984


EL NEGRO MAR

La noche morada sueña
sobre el mar;
la voz de los pescadores
mojada en el mar;
sale la luna chorreando
del mar.

El negro mar.

Por entre la noche un son,
desemboca en la bahía;
por entre la noche un son.

Los barcos lo ven pasar,
por entre la noche un son,
encendiendo el agua fría.
Por entre la noche un son,
por entre la noche un son,
por entre la noche un son...

El negro mar

-Ay, mi mulata de oro fino,
ay, mi mulata
de oro y plata,
con su amapola y su azahar,
al pie del mar hambriento y masculino,
al pie del mar.

NICOLÁS GUILLEN






Trimano-Guillén - "El Son Entero" - nanquim 1984


Trimano-Guillén - "El Son Entero" - nanquim 1984


Trimano -Guillén - "El Son Entero" - nanquim 1984


ROSA TÚ, MELANCÓLICA...

El alma vuela y vuela
buscándote a lo lejos,
Rosa tú, melancólica
rosa de mi recuerdo.
Cuando la madrugada
va el campo humedeciendo,
y el dia es como un niño
que despierta en el cielo,
Rosa tú, melancólica,
ojos de sombra llenos,
desde mi estrecha sábana
toco tu firme cuerpo.
Cuando ya el alto sol
ardió con su alto fuego
cuando la tarde cae
del ocaso deshecho,
yo en mi lejana mesa
tu oscuro pan contemplo.
Y en la noche cargada
de ardoroso silencio,
Rosa tú, melancólica
rosa de mi recuerdo,
dorada, viva y húmeda,
bajando vas del techo,
tomas mi mano fría
y te me quedas viendo.
Cierro entonces los ojos,
pero siempre te veo.
clavada allí, clavando
tu mirada en mi pecho,
larga mirada fija,
como un puñal de sueño.

NICOLÁS GUILLÉN














Trimano-Guillén "El Son Entero" - nanquim 1984


LA SANGRE ES UN MAR INMENSO
La sangre es un mar inmenso
que baña todas las playas...
Sobre sangre van los hombres,
navegando en sus barcazas;
reman, que reman, que reman,
nunca de remar descansan!
Al negro la negra piel
la sangre el cuerpo le baña;
la misma sangre, corriendo,
hierve bajo carne blanca.
Quién vio la carne amarilla,
cuando las venas estallan,
sangrar sino con la roja
sangre con que todos sangran?
Ay! del que separa niños, 
porque a los hombres separa!
El sol sale cada día,
va tocando en cada casa,
da un golpe con su bastón,
y suelta una carcajada...
Que salga la vida al sol,
de donde tantos la guardan,
y vereis como la vida
corre de sol empapada!
La vida vida saltando,
la vida suelta y sin vallas,
vida de la carne negra,
vida de la carne blanca,
y de la carne amarilla,
con sus sangres desplegadas...
___________________________

Sobre sangre van los hombres
navegando en sus barcazas:
reman, que reman, que reman, 
nunca de remar descansan!
Ay de quien no tenga sangre,
porque re remar acaba,
y si acaba de remar,
da con su cuerpo en la playa,
un cuerpo seco y vacío
un cuerpo roto y sin alma,
un cuerpo roto y sin alma!...

NICOLÁS GUILLÉN
El Son Entero










FOTOPINTURAS - BRASIL
Coleção Titus Riedl

Fotopinturas


Na segunda metade do século XIX ter um retrato fotográfico
havia se tornado um dos grandes desejos do homem.
Imagens capazes de perpetuar para as futuras gerações
o semblante de alguém, tal qual o reflexo em um espelho,
mobilizaram e exitaram o imaginário de grande parte da sociedade ocidental.
Deixar-se fotografar naquela época de avanço da industrialização
e aceleração das metrópoles era um gesto inovador
que espelhava o desejo coletivo de expansão e modernidade,
ao mesmo tempo em que se tornava um contraponto
à representação que a pintura havia feito até então da nobreza,
que hoje vemos nos museus mundo afora.
No entanto os primeiros retratos fotográficos realizados
nos estúdios pioneiros da Europa muitas vezes decepcionavam os clientes.
O longo tempo de exposição necessário para obter um retrato,
ocasionado pelos materiais pouco fotossensíveis da época,
obrigava os retratados a ficar imóveis durante longos minutos,
em verdadeiras sessóes de tortura.
O resultado era, invariavelmente, frustrante.
No mais, para as gerações que foram acostumadas aos retratos
idealizados da pintura, nos quais os artistas eram obrigados a embelezar
com pinceladas generosas seus clientes, a fotografia se mostrava cruel,
já que revelava todas as imperfeições do cliente.
Esse foi um dos motivos que tornaram urgente a criação de uma artimanha
para maquiar seu realismo bruto. Assim, em 1885, apenas dezesseis anos
após a invenção oficial da fotografia, o alemão Franz Seraph Hanfstaengl,
de Munique, espantou o mundo ao apresentar na Exposição Universal de París,
a primeira em que fotografias foram expostas, sua técnica de retocar imagens.
Ao mostrar a mesma fotografia com e sem retoque, Hanfstaengl descortinou
a possibilidade de esse "espelho mágico" simular uma situação, ou seja,
criar uma nova "realidade".
A partir da invenção do retoque em preto-e-branco, sobre o papel fotográfico,
pesquizadores passaram a investigar a possibilidade de fazer o mesmo
com tintas coloridas, para mimetizar as cores da natureza, aumentando
o grau de realismo das fotografias.
Historiadores localizam a criação do processo de fotopinturas em torno 
de 1863. Seu criador teria sido André Adolphe Eugène Disdéri (1819-1889),
que, a partir de uma base fotográfica em baixo contraste, aplicou tintas
para dar cores às imagens. Nesse processo, a fotografia se tornou, então,
um esboço das formas, um facilitador na execução do retrato que poupava
o pintor de ter de realizar o desenho do semblante do cliente.
Temos, portanto, de um lado, a pintura criando uma visualidade que tende
a ser mais criativa e idealizada, enquanto, de outro, a base fotográfica serve
como um parámetro, um limitador que cerceia a excessiva criatividade
do fotopintor, dado que a verossimilhança com o retratado deve ser mantida,
sob pena de o trabalho ser devolvido e não pago.
Uma fotopintura, portanto, traz nas suas duplas camadas o embate histórico
da representação que tem a pintura e a fotografia como protagonistas.
Desde o inicio deste novo século o oficio de fotopintores praticamente deixou
de existir desta forma artesanal. Com a chegada das câmeras digitais
e a dificuldade cada vez maior em obter filmes e papel fotográfico, alguns poucos
migraram para realizar às fotopinturas em computadores, mas a esmagadora
maioria teve que trocar de oficio.

EDER CHIODETTO
extraído do catálogo da exposição "fotopinturas" / coleção Titus Riedl
Galeria Estação - São Paulo - Brasil 2011










   

Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas


Fotopinturas