sábado, 25 de fevereiro de 2012

Eadweard Muybridge - fotografias tiradas de "The Human Figure in Motion" - 1887

Eadweard Muybridge - fotografia tirada de "The Human Figure in Motion" - 1887

K.C. Clark - fotografias tiradas de "Positioning in Radiography" - Londres 1939

Idem II

Idem III

Fotografia tirada de "Positioning in Radiography"

FB - Bom, é evidente que elas tentam fazer um inventário
dos movimentos humanos - de certo modo, valem como um dicionário.
E tal vez esse negócio meu de pintar séries tenha saido dos livros de Muybridge,
onde as fases de um movimento estão mostradas em fotografías separadas.
Eu tive um livro que me influenciou muitíssimo: o Positioning in Radiography
(A posição em radiografia), com fotos que mostram as posições do corpo a ser radiografado, e as próprias chapas de radiografia.
DS - A influência, portanto, tende a ser indireta, na medida
em que você, quando pinta, deve quase sempre estar olhando
para a fotografia de uma coisa muito diferente do assunto que está pintando.

F. BACON - "Crucificacão" - óleo 1944

F. BACON - idem II

F. BACON - idem III

Diego Velázquez - "Retrato do PapaI Inocêncio X - óleo 1650"

F. BACON - "Paisagem" - óleo e pastel 1978

Marius Maxwell - "Rinoceronte" - África Equatorial - Londres 1924

FB - Acho que você disse em algum lugar que, enquanto posava
para um retrato que eu estava tentando fazer de você, eu ficava
olhando para fotografias de animais selvagens.
DS - É verdade. Eu nunca soube como devia entender isso.
FB - Bom, uma imagem pode ser extremamente sugestiva
em relação a outra. Naquele tempo, eu andava com´a idéia
de que as texturas deveriam ser muito mais grossas e que,
por isso, a textura da pele de um rinoceronte, por exemplo,
poderia me ajudar a visualizar a textura da pele humana.   
DS - Você, é claro, usou também essas fotografias mais literalmente
em quadros de animais e de paisagens. É interessante que a imagem fotográfica que mais lhe serviú não foi científica nem jornalística, mas veio de uma obra de arte famosíssima, a fotografia da babá gritando, que está em O Encouraçado Potemkim.

Nicholas Poussin - "O Massacre dos Inocentes" - óleo, 1630-31 - (detalhe)

FB - Foi um filme que vi pouco antes de começar a pintar,
e ele me impressionou profundamente - não só o filme inteiro,
como também a sequência da escadaria de Odessa e dessa foto.
Eu tinha esperança de que ainda faria - não há aquí qualquer
sentido especial de caráter psicológico - tinha esperança de que
um dia faria o melhor quadro de grito humano que já se fez no mundo.
Não conseguí, mas ele está feito por Eisenstein, de maneira muito melhor,
e é isso aí. Na pintura, sou da opinião de que o melhor  grito humano já
feito até hoje é o de Poussin.     
DS - Em O Massacre dos Inocentes
FB - É, que está em Chantilly. Lembro que, certa vez, passei três ou quatro
meses morando com minha familia perto dalí, tentando aprender francés,
e muitas vezes fui a Chantilly, e lembro que esse quadro sempre exerceu
um efeito terrível sobre mim. Outra coisa que me fazia pensar no grito humano
era um livro que, ainda muito jovem, comprei numa livraria em París, era um livro ilustrado com lindos desenhos coloridos sobre doenças que dão na boca;
os desenhos eram lindos e mostravam a boca aberta e o interior dela; as fotos
me deixaram fascinado e acabei obcecado por elas. E depois eu vi - ou tal vez até já tivesse visto naquela época - O Encouraçado Potemkim e tentei usar a foto do
Potemkim como base sobre a qual eu também pudesse usar aquelas ilustrações
maravilhosas da boca humana. Mas nunca deu certo. 

F. BACON - "Autorretrato" - foto: cabine automática

F. BACON - "Autorretrato" - óleo 1976

F. BACON - "Autorretrato" - foto: cabine automática

F. BACON - "Autorretrato" - óleo 1979

F. BACON - "Autorretrato" - foto: cabine automática

F. BACON - "Autorretrato" - óleo 1971