O propósito deste blog é o de mostrar o trabalho do ilustrador,independente das regras impostas pelo mercado,nas quatro disciplinas praticadas por mim, em diferentes momentos e veículos: A Caricatura na Imprensa,A Ilustração na Imprensa,A Ilustração Editorial e O Poema Ilustrado. Também são mostradas modalidades diferentes das mesmas propostas como: Montagens das exposições e a revalorização do painel mural, através das técnicas de reprodução digital em baner.
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
GÉRARD FROMANGER - França 1939 /
A partir do nascimento da Pop-Arte, no final dos anos 50,
a constante utilização da fotografia e das técnicas de
reprodução mecánica, como o poster e a capa de disco LP, mudaram radicalmente as formas de se expressar arte.
Podemos citar como ejemplo, dois artistas
da Pop norteamericana: Robert Rauschemberg, que revolucionou
as técnicas de impressão com as suas serigrafias monumentais, e Andy Warhol, que violentou o suporte, aproveitando
os objetos da publicidade comercial, e levando o super-mercado
para dentro das galerias, numa tentativa de destruir o conceito de "espaço
privado" para público entendido, e aproximando a arte do consumo.
Na Pop-Arte europeia, o interesse foi dirigido para a desconstrução da
arte do passado, como as releituras humoristicas do grupo valenciano "Equipe Crónica" (1964 - 1981). Fromanger foi um artista
importante deste período, e quem mais trabalhou empregando
soluções gráficas na sua pintura. Nesta série retratando os boulevars
de París, destaca os "cenários" da grande cidade, omitindo a descrição dos transeuntes, que aparecem no primeiro plano, recortados contra o fundo
em fantasmais siluetas de cor chapada.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
CÉSAR SANTOS GUERRA "RASEC" - Rio de Janeiro 1953 - 2011 -
O escultor RASEC, meu amigo por mais de 30 anos, traçou,
durante a sua trajetória, um caminho autónomo, porem integrado
ao sentimento do negro na luta pela preservação da sua cultura original.
Alinhado entre os artistas que, desde Mario de Andrade até hoje,
tiveram e têm a preocupação de organizar nossa produção cultural,
atentos ao esvaziamento dos modismos do mercado, êle construiu
uma obra pequena em quantidade, mas virtuosa no oficio e profunda
no estudo da estética que caracterizou a escultura africana desde a
antiguidade. "O dominio da ferramenta e o "poder das mãos" numa
transformação constante e incessante da matéria, da casca ao cerne,
para a conquista do movimento escultural" no dizer do arquiteto
Paulo Pena Filho. RASEC, nascido e criado no tradicional bairro
carioca de Santa Teresa onde transcorreu a sua vida, participou
ativamente dos movimentos da cultura afro-brasileira. Destacamos
os eventos: "Ciclo de Homenagem a Zumbi - Escola de Artes Visuais
do Parque Laje" / "O Negro na Cultura Brasileira - Funart- MAM" /
"Panorama de Arte Negra I e II - Estação do Metrô Cinelândia" /
"Evento Cultural do Negro - Maison de France" / "Participação na
cenografia do film "Quilombo dos Palmares" de Cacá Diegues" /
no exterior: "Afro American Historical And Cultural The Arts - Museu
Philadelphia - Pensilvania USA" / "Caribean Center Visual Arts - New
York USA". Disse dêle o escultor Roberto Moriconi, também morador da
comunidade: "Suas figuras esculpidas na madeira, hieráticas e ao mesmo
tempo fortes e sensuais, sem negar as raizes africanas, nos sussurram
a lembrança de que o suor do negro está misturado a cada coisa criada
neste país".
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
"Eu tenho desejo de uma arte que, social sempre,
tenha uma liberdade mais estética em que o homem
possa criar a sua forma de belezas mais convertido
aos seus sentimentos e justiças do tempo da paz.
A arte é filha da dôr, é filha sempre de algum
impedimento vital. Mas o bom, o grande, o livre,
o verdadeiro será cantar as dôres fatais, as dôres
profundas, nascidas exatamente desta grandeza
de ser e de viver.
Ha-de ser sempre amargo ao artista verdadeiro,
não sei si artista bon, mas verdadeiro,
sentir que se esperdiça dêste jeito em problemas
trasitórios, criados pela estupidez da ambição desmedida.
Um dia o grão pequenino do café nunca mais apodrecerá
largado no galho. Nunca mais os portos de todos hão-de
se esvaziar dos navios portadores de todos os beneficios da terra.
Nunca mais os menos favorezidos de fôrças intelectuais estarão
nos seus lugares, porque não tiveram ocasião de se espandir
em suas realidades. Não terão mais de partir, na busca lotérica
do pão. Então estarão bem definidas e nítidas pra todos as
grandes palavras do verbo.
Terá fraternidade verdadeira.
Existirá o sentido de igualdade verdadeira.
E o poeta será mais verdadeiro.
Então o poeta não "quererá" ser, se deixará ser
livremente. E há-de cantar mandado pelos
sofrimentos verdadeiros, não criados artificialmente
pelos homes, mas derivados naturalmente
da própria circunstância de viver..."
Mario de Andrade - Poesias Completas
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