segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

PASQUIM / Registro

Pasquim - Ilustração: Trimano

Em 1985, "mestre" Jaguar, editor do "Pasquim", jornal tabloide que se caracterizou pela defesa da liberdade de expressão num período de violenta censura, me convidou para cuidar da edição de ilustração do jornal, que nessa nova fase, contou com projeto gráfico de Oswaldo Miranda, o "Miran", editor da revista GRÁFICA Internacional, de Curitiba A advertência do Jaguar foi: vamos chamar gente nova, vamos publicar tudo mundo, os desenhistas que carecem de espaço para mostrar os seus trabalhos. Nada de panelinhas, as panelinhas embrutecem!.. Aquí, algumas páginas produzidas naquele tempo, e o texto oportuno de Noam Chomsky. / Trimano 2010

Pasquim - Ilustração: Trimano - detalhe da cabeça do menino, sobre foto de Maureen Bisilliat

Pasquim - Ilustração: Tom Werner

10 ESTRATÊGIAS DE MANIPULAÇÃO MEDIÁTICA - NOAM CHOMSKY
1 - "A ESTRATÊGIA DA DISTRAÇÃO" / O elemento primordial do controle social, é a estratêgia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, divulgando constantemente, informações sem real importância. / A estratêgia da distração é igualmente indispensável para impedir que o público se interesse pelos conhecimentos essenciais nas áreas de ciência, economia, psicologia ou neurobiologia. / Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas superficiais. / Manter o público ocupado, ocupado, ocupado..., sem nenhum tempo para pensar. / Extraido de "Armas Silenciosas Para Guerras Tranqüilas"

Pasquim

2 - "CRIAR PROBLEMAS E DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES" / Éste método também é chamado: "problema - reação - solução": Se cria uma "situação" prevista para causar determinada reação no público, com a finalidade de que éste seja o demandante das medidas que se deseja impor. / Por exemplo: deixar que se desenvolva e se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos para causar a impressão de que o público é demandante da "política da segurança" com prejuizo das liberdades individuais. / Provocar uma crise económica para conseguir a aceitação como sendo "um mal necessário", o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

Pasquim - Ilustração: Cándido Portinari - crayón

Pasquim - Ilustração: Trimano / Sobre fotograma do filme "O País de São Sarué" de Vladimir Carvalho - 1971

3 - "A ESTRATÊGIA DA GRADUALIDADE" / Para fazer com que se aceite uma medida inaiceitável, basta aplicá-la gradualmente, por contagotas durante anos consecutivos. Foi dessa maneira que condições socio-económicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990. / Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade laboral, desemprego em massa, salários que já não garantem ingressos decentes. / Tantas mudanças teriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma vez só, não da forma gradual, como foi feito.

Pasquim - Ilustração: Trimano - Retrato do compositor Zé Keti - nanquim - 1985

Pasquim - detalhe

4 - "A ESTRATÊGIA DE DIFERIR" / Outra maneira de se impor uma decisão impopular é, apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo a aceitação pública no momento atual, para uma aplicação futura. / É mais fácil aceitar um sacrifício futuro, que um sacrifício imediato. Primeiro: porque o esforço não é empregado de imediato. Segundo: porque o público, a massa, costuma têr a tendência de pensar ingenuamente que: "tudo vai melhorar amanhã", e o sacrifício exigido "poderá ser evitado". / Isto da mais tempo para se acostumar com a idéia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar a hora.