domingo, 13 de abril de 2008

OS POETAS - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE -

EDIÇÃO DE LIVROS ESPAÇO ESPAÇO ESPAÇO   ESPAÇO ESPAÇO ESPAESPAÇOÇO ESPAÇO EAPOÇO ESPAÇO
“O livro é uma confidência continuada e uma ardente incursão na trama dos acontecimentos. Do conceito de Deus aos linchamentos populares, passando pela duvidosa alegria das mulheres do Mangue, Drummond prossegue no trabalho de utilizar o verso à maneira de espelho da existência e como meditação sobre ela. Particular atenção merece o longo romance sobre a vida, morte e mitificação do marginal Clorindo Gato, espécie de exame de consciência coletiva em torno do fenômeno rural brasileiro do justiçador em conflito com a lei. Poesia que não envelhece nem procura amparar-se no artifício de construções ditadas pela moda veloz e transitória. Carlos Drummond de Andrade, nos liberta de preconceitos teóricos e mantém a liberdade fundamental de versificação em harmonia com o ritmo. "Tudo mais, em verdade, são ruídos", como ele mesmo diz neste livro. espaço
"Extraído do texto de apresentação da primeira edição"- Ed. José Olímpio, 1980.
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Retrato de CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE



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O MARGINAL CLORINDO GATO (Detalhe)


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O QUE VIVEU MEIA HORA (Detalhe)
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Nascer para não viver
só para ocupar
estrito espaço numerado
ao sol-e-chuva
que meticulosamente vai delindo
o número
enquanto o nome vai-se autocorroendo
na terra, nos arquivos
na mente volúvel ou cansada
até que um dia
trilhões de milênios antes do Juízo Final
não reste em qualquer átomo
nada de uma hipótese de existência.
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CONFRONTO
Bateu Amor á porta da Loucura.
"Deixa-me entrar - pediu - sou teu irmão.
Só tu me limparás da lama escura
a que me conduziu minha paixão”.
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A Loucura desdenha recebê-lo,
sabendo quanto Amor vive de engano,
mas estarrece de surpresa ao vê-lo,
de humano que era assim tão inumano.
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E exclama: "Entra correndo, o pouso é teu.
Mais que ninguém mereces habitar
minha casa infernal, feita de breu.
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enquanto me retiro, sem destino,
pois não sei de mais triste desatino
que este mal sem perdão, o mal de amar."
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A PAIXÃO MEDIDA (Detalhe)
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Trocaica te amei, com ternura dáctila
e gesto espondeu.
Teus iambos aos meus com força entrelacei.
Em dia alemânico, o instinto ropálico
rompeu, leonino,
a porta pentâmetra.
Gemido trilongo entre breves murmúrios.
E que mais, e que mais, no crepúsculo acóico,
senão a quebrada lembrança
de latina, de grega, inumerável delicia?
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