sábado, 27 de outubro de 2007


          SÉRIE "DIÁRIO"  -
          Galeria Cándido Portinari
      UERJ - Rio de Janeiro 2006-07
         


Nas figurações desse dia-a-dia nada é uma coisa só, tudo é um jogo de simbioses, tudo está como a própria vida, associado em grandes contextos que são submetidos a mudanças contínuas. Aqui há formas de dramaticidade mordente, com alguma dor que não tem cura. Guindastes, farpas de ameaçadores enigmas, momentos retorcidos de silêncio e mudez. Há estátuas partidas, há um sólido massacre de coisas, há códigos, indecifráveis de letras que ninguém nunca lê. Há um círculo de moscas zumbindo em formação militar, onde uma ou outra sai da fila como se até esses insetos descem passos de artista. Mas, há também o suave afago de vegetações caprichosas, pedaços de consoladoras paisagens, rostos e perfis imbuídos de dignidade e beleza. E há, sobretudo, lá no fim, como a planar no coroamento dessa severa construção sobre símbolos, o sorriso delicado - o sorriso risonho, tranqüilo, paciente e regenerador de Shiko Munakata, tão semelhante ao da existência que já deu muitas voltas.
         Leonardo Fróes
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